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Município aposta em projeto de Economia Circular para reciclagem de máscaras e vestuário

28-04-2021Ambiente
Município aposta em projeto de Economia Circular para reciclagem de máscaras e vestuário
Investimento de 35 mil euros anuais permitirá eliminar máscaras sem prejuízos para o ambiente, valorizar produtos têxteis e beneficiar IPSS viseenses

A Escola Secundária Alves Martins recebeu hoje os novos contentores para recolha de máscaras individuais em fim de vida. A iniciativa, que será alargada às restantes escolas secundárias e a estabelecimentos do 2º e 3º ciclos do concelho, é apenas a parte mais visível de um projeto com forte impacto nas áreas social, ambiental e educativa.

"A parceria que estabelecemos com a TO-BE-GREEN tornará Viseu ainda mais verde, estando em linha com toda a política ambiental e de aposta na reciclagem que temos vindo a desenvolver. Este é mais um projeto que se insere e reforça o posicionamento de Viseu como Cidade-Jardim”, afirma Conceição Azevedo, Presidente da Câmara Municipal de Viseu. Recorde-se que, com a eclosão da pandemia da COVID-19, as máscaras individuais tornaram-se omnipresentes e tudo indica que continuarão a fazer parte do nosso dia-a-dia. Estima-se que, só a nível nacional, 150 milhões de máscaras são colocadas no lixo todos os meses, com graves prejuízos para o ambiente.

"A solução desenvolvida pela TO-BE-GREEN permite um tratamento ambientalmente correto desses produtos têxteis, com a sua valorização através de um processo de reciclagem (downcycling)”, explica Dinis Marques, CEO da empresa e Professor Universitário. O docente da Universidade do Minho acrescenta: "As crianças viseenses podem agora colocar as máscaras individuais em fim de vida à saída da sua escola em contentores adequados, para posterior recolha e tratamento por parte da TO-BE-GREEN. Esses materiais têxteis serão depois convertidos em matéria-prima para outros produtos à base de fibras têxteis no CVR (Centro de Valorização de Resíduos) da Universidade do Minho”.

Cristina Brasete, Vereadora da Educação e Ação Social da autarquia viseense, considera que o projeto tem um enorme alcance, "uma vez que toca em áreas relevantes como a ação social e a preservação do ambiente”. "Tem ainda um potencial incrível no que respeita à educação e sensibilização dos nossos jovens para a adoção de comportamentos capazes de mudar o mundo e garantir o nosso futuro. Sabemos que são muitas vezes as crianças a incentivarem os pais e avós a adotarem atitudes mais ambientais, pelo que de imediato quisemos envolver as escolas do concelho”.

A dimensão ambiental do projeto não fica por aqui e inclui ainda uma solução nova para o vestuário em fim-de-vida, permitindo o seu descarte, partilha e valorização através de Lojas Sociais, upcycling e reciclagem (downcycling). Saliente-se que, em Portugal, 200 mil toneladas de roupa vão para o lixo todos os anos, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente. Através da solução TO-BE-GREEN, o Município de Viseu irá disponibilizar uma Loja Social para a entrega e partilha de peças de vestuário em fim de vida, em colaboração com as IPSS do concelho e com outras entidades que apoiam os mais desfavorecidos, contribuindo assim para a redução destes resíduos.

Assim, "a TO-BE-GREEN funciona como um e-marketplace de Economia Circular, suportada numa APP e plataforma dedicadas e orientadas para as novas gerações de consumidores (Millennials-Y e Zoomers-Z), sendo uma resposta para os problemas crescentes dos resíduos têxteis pós-consumo, produzidos nos territórios. Incorpora a digitalização dos artigos em fim de vida entregues pelos utilizadores, a sua análise e validação digital, permitindo a sua rastreabilidade, e segue a hierarquia dos resíduos que é sugerida pela União Europeia, com foco na Economia Circular têxtil”, refere Dinis Marques.

O Município de Viseu quer, desta forma, promover ainda mais os comportamentos sustentáveis e "green”, aumentando os níveis de reciclagem e reduzindo consequentemente os encargos dos viseenses com os seus resíduos domésticos, criando valor para o vestuário em fim de vida. A Agência Europeia do Ambiente estima que, entre 1996 e 2012, a quantidade de roupas compradas por pessoa na UE aumentou 40%. Já em 2017, os europeus compraram 6,4 milhões de toneladas de roupas novas, o equivalente a 12,66 quilos por pessoa. Este é, portanto, um problema que urge resolver.

"São projetos e ideias como esta que podem melhorar a vida no nosso concelho e, inclusive, contribuir para mudar o mundo”, diz Conceição Azevedo. A propósito, convém não esquecer que a aquisição de roupa na União Europeia tem impactos noutras regiões do mundo: 85% do uso primário de matérias-primas, 93% do uso do solo e 76% das emissões de gases com efeito de estufa envolvidas na produção têxtil, ocorrem fora da União Europeia. Os principais exportadores de roupa para a UE são a China, o Bangladesh, a Turquia, a Índia, o Camboja e o Vietname. 

"Ao implementarmos um projeto que incorpora tecnologia com preocupações ambientais e sociais, continuamos na senda do modelo de qualidade de vida que o Presidente António Almeida Henriques pensou para Viseu. Não tenho dúvidas que, para além das crises sanitária e económica criadas pela COVID-19, o grande desafio da Humanidade é a preservação do meio ambiente, do nosso planeta, da nossa casa. Ao investirmos nesta solução, posicionámos Viseu na vanguarda do combate contra as alterações climáticas”, conclui a autarca viseense.


Sobre a TO-BE-GREEN
Empresa spin-off da Universidade do Minho, a TO-BE-GREEN consiste numa aplicação que visa a redução da pegada ecológica dos artigos têxteis através de um sistema inteligente de planeamento geográfico. A aplicação surge no âmbito do trabalho do CEO, Dinis Marques, enquanto docente da Universidade do Minho. A TO-BE-GREEN está também a trabalhar na dimensão Corporate, tendo já soluções implementadas na Sodecia, na Guarda, e na ATEPELI – Ateliers de Portugal, em Ponte de Lima.

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